Desde o final do ano passado vejo
nos jornais e nas conversas de bar o mesmo assunto: casamento homossexual.
Antes de discutir o tema, abro um
parênteses para rápidas explicações.
Aqui na França a “situação
homossexual” está mais evoluída que no Brasil. Os homossexuais não são mais
espancados e podem viver como um heterossexual sem muitos tabus, ao meu ver. Há
até um bairro em Paris onde a concentração de bares, boates e lojas atendendo
ao público homossexual é maior (o Marais).
Confesso que na minha chegada à
França, achava estranho ver garotos se dando a mão e garotas se beijando. Hoje
isso não chama mais minha atenção e tenho até colegas que resolveram “sair do
armário”, como dizem.
Depois da aceitação pública de
demonstração de afeto entre homossexuais e de compartilhar uma vida em comum
(criação do PACS), agora o assunto do momento é o casamento homossexual.
O novo presidente francês, François
Hollande, eleito em maio de 2012, prometeu em seu programa eleitoral legalizar
o casamento homossexual. Como promessa é dívida, ele quer autorisar na
constituição o casamento entre pessoas do mesmo sexo. A lei foi aprovada pela
Assembléia, pelo Senado, pela Assembléia novamente. Agora o partido UMP pediu
para o Conselho dos Sábios se pronunciar antes da promulgação da lei. Eles têm
um mês para dar o veredicto e se disserem “sim”, o presidente pode decidir se
promulga ou não a lei.
Grande bafafa toma conta do país, uns fazem de tudo para que a lei não
seja promulgada, outros fazem de tudo para que esse avanço social, como dizem,
entre na Constituição.
Os católicos sairam nas ruas para
protestar e dizer que: “o casamento é um papai e uma mamãe”. Os judeus
escreveram um manuscrito indicando os impactos na sociedade e na vida de uma
criança decorrente desse tipo de casamento. Os muçulmanos não ouvi muito, mas
na religião deles, homossexualidade é completamente proíbida e condenada, dando
direito à pena de morte.
Fiquei surpresa ao ver que alguns
dos meus amigos também eram contra à nova lei. Para eles, uma união entre
pessoas do mesmo sexo não é casamento. Casamento é um conceito religioso,
ligado à constituição de uma família, com um pai, uma mãe e um filho. Acham que
esse tipo de união não deve se chamar casamento.
A grande polêmica do assunto não
está na união dessa pessoas, mas na definição do que é uma família e como os
filhos serão procriados/criados. Os homossexuais podem ter filhos através de
uma procriação medial assistida (PMA)? A PMA vai gerar um comércio de
compra/venda de bebés? Falaremos de aluguel do corpo humano uma família
alugando barriga? Como vai se comportar
uma criança nascida desse casal? Não teria ela o direito de saber quem são seus
pais genéticos? O que é família nessa nova sociedade?
Há quem diga que as crianças
precisam ter referências do que é ser um pai e uma mãe. Quem disse que essas
referências são necessárias? O importante é ser uma boa pessoa: ser ética,
honesta e justa.
Eu não tenho respostas à essas
perguntas, mas acredito que hoje o assunto é tabu porque a sociedade ainda
incorpora valores que foram impostos séculos atrás para controlar população.
Por isso tanta gente está com a mente fechada para qualquer discussão. O
governo também bota pressão, pois tem que mostrar que está cumprindo o que
prometeu e não deixa o assunto ser analisado profundamente.
No final, eu acho que o mais
importante é o amor entre as pessoas. Se há amor, não vejo porque uma criança
não pode ser criada por um casal homossexual reconhecido pela lei. Hoje há
tantas famílias descompostas que ter dois pais é melhor que uma só mãe! Agora a
questão da PMA, é um assunto a ser bem estudado, eu ainda não tenho uma opinião
muito feita, preciso estudar melhor e isso pode virar assunto para um próximo
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