Este é o slogan da Tailândia que
está espalhado por todos aeroportos e cantos de Bangkok.
Até agora me pergunto onde está a
“amazing Thailand” (surpreendente Tailândia).
No primeiro post eu disse que
mostraria as coisas bonitas, mas que faria um post totalmente parcial e
subjetivo. Et le voilà (eî-lo aqui).
Sinceramente, nas primeiras horas
que pisei em solo tailândes, minha vontade era voltar para casa. Nunca senti
isso antes. Fiquei realmente preocupada do que seria minha viagem, pois ainda
tinha 14 dias pela frente e já queria pegar o avião de volta.
Talvez tenha sido a decalagem de
horário e minha ingênuidade que contribuiram para meu desgosto ao chegar em
Bangkok.
Ingênuidade porque não estava
esperando ser descaradamente enganada pelos tailândeses. Eu fico louca quando
alguém tenta me enganar na cara dura. E esse foi o caso em Bangkok, o tempo
todo.
Mal chegamos e já fomos assediados
por taxistas querendo nos cobrar o olho da cara por uma corrida. Ingênuos nós
já fomos enganados de cara no aeroporto, onde nos impuseram uma tarifa sem nos
dar a escolha de usar o taxímetro.
Chegando ao hotel nós perguntamos
sobre preços de táxi e um dos recepcionistas nos indicou que era necessário
insistir para usar o taxímetro. Ok, decidi que não seria mais engandada.
Saindo para comer (chegamos por
volta da hora do almoço), um taxista nos aborda no meio do nada oferendo
transporte. Um tuc-tuc também se aproxima e outro táxi. Todos querendo nos
levar para algum lugar por uma módica soma que tenho certeza que pagaria o salário do mês deles.
Eu não tinha pedido nada à ninguém,
só queria caminhar tranquila, sofrendo da minha jet lag naquele calor infernal, sob um dos viadutos, no meio
daquele favelão, respirando toda a poluição do mundo.
Sem brincadeira, nos 1000m que
fizémos entre o hotel e o centro comercial, fomos abordados três vezes. Também
não tinha como negar que éramos turistas. Se na Rússia eu passava como uma
típica russa, na Tailândia eu não poderia nunca passar por uma thai.
Fora o assédio dos taxistas e
tuc-tucs, existia ainda um outro tipo de pega turista. Obvio que fomos
abordados (duas vezes!) para esse outro tipo de esquema.
Um thai, muito dos simpáticos começa
a puxar assunto com você ou pára você perguntando se quer ajuda. O turista
bobo, quer interagir com os locais e dá trela. Conversa vai, conversa vem ele
diz que você tem que visitar absolutamente um certo templo e que é seu “lucky day”, porque o templo está aberto
apenas hoje (último dia de abertura).
Sem você dizer nada ele já arruma um
amigo tuc-tuc, negocia um preço, mas diz que antes terá que passar na loja de
um amigo. Ou então não diz nada e o tuc-tuc te leva para loja do amigo, antes
de levar ao templo.
Nesse golpe eu não caí, pois já
estava avisada. Porém fomos abordados duas vezes e nas seguintes já ignorávamos
os transeuntes. Ou seja, qualquer contato com os thais era por interesse. Até
nas lojas, templos, foi triste viver esse lado “turista bobo”: enganamos você
na cara dura. Não podíamos confiar em ninguém para pedir informação.
Por exemplo, queríamos atravessar o
rio de Bangkok para visitar um templo e entramos na rua errada para pegar o
barco. Perguntamos para um local onde era o ponto de barco e ele veio com uma
conversa fiada dizendo que o local fechou, mas que ele tinha um amigo que podia
fazer a travessia por um preço camarada.
Paciência, muita paciência nessa
hora. Ainda bem que ele não entendia palavrão em português.
Fora todos esses esquemas de “pega
turista, a paisagem não era das melhores. Como já disse, poluição, calor,
viadutos e prédios feios. Aí a pergunta que fica, cadê a “amazing Thailand” que
todo mundo fala?
Nesse momento eu comecei a
questionar meus parâmetros. Por quê eu detestei um lugar que todo mundo cita com
brilhos nos olhos? O que há de errado comigo? Caramba, já conheço mais de
trinta países e muito mais cidades diferentes, por que não fui seduzida por um
lugar que todo mundo ama? Estou eu tão fora da realidade que me choco ao ver
tanto constraste a ponto de não querer ver aquilo?
Me questionei bastante e cheguei à
conclusão de que o problema não sou só eu, mas também os outros (fácil hein!).
Explicações:
(1) Eu deveria ter
planejado melhor minha viagem e pesquisado sobre o que fazer nos lugares e o que as pessoas acharam deles antes
de sair comprando bilhetes de avião e reservando hotéis. Planejei mal a viagem,
isso é o primeiro fato.
(2) Segundo fato: as
pessoas que me disseram gostar da Tailândia ou eram europeus, ou tinham a Tailândia
como uma de suas primeiras destinações internacionais.
Discutindo com um amigo, chegamos à
conclusão que europeu não está acostumado com bagunça e pobreza. Quando eles
vêm isso, acham diferente e adoram entrar na muvuca, ver tipicidade em tudo. É
um ambiente diferente do mundo deles, é o que chamamos na França de dépaysant (algo que te faz sair da
realidade, que te mostra outra paisagem diferente da sua).
Quem não viaja muito fica
deslumbrado com tantas coisas diferentes e novas para se ver. Comigo ocorreu o
mesmo, adorei minhas primeiras viagens, tudo era lindo e maravilhoso. Hoje já
não falo das minhas primeiras viagens como se fossem as melhores de todas, mas
claro que tenho ótimas recordações.
Um desses dias estava conversando
com alguém do trabalho, que eu nem conhecia, mas que me disse ter viajado bastante
pelo mundo. Ele disse que nunca mais quer voltar à Tailândia por causa do
turismo frenético e do assédio massivo em cima dos turistas.
Pensando nisso, acredito que se
tivesse ficado menos tempo em Bangkok e se eu tivesse ido para uma destinação
praiana, talvez minha impressão sobre a Tailândia mudasse. É um lugar a se
visitar. Depois disso você dá mais valor para o país que tem e vê que o Brasil
é um bom lugar com qualidades e mesmo com vários defeitos.
Se tenho uma recomendação a fazer,
não passaria mais que um dia inteiro de visita em Bangkok (a não ser que a
pessoa adore visitar shoppings, feira-livres, etc).
O norte do país foi bem repousante (Chiang Mai – 1
dia cidade + tracking na floresta), com muito verde e menos confusão. Parece
que Ayutthaia é legal (1 dia) e que as praias são muito bonitas, apesar de ser
um favelão olhando para o continente.Voilà minha impressão sobre a "amazing" Tailândia.
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