30 de julho de 2014

Leitura (2): Sagas islândesas

Quando eu estava preparando a viagem da Islândia, um amigo recomendou a leitura das sagas islândesas para eu entrar no clima histórico do país.

As sagas foram compostas por vários autores ao longo do tempo e elas contam a história dos povos nórdicos (vikings) e celtas que se estabeleceram na Islândia entre os séculos X e XI. Elas começaram a ser escritas no século XIII, XIV (um pouco mais sobre as sagas nesse site: http://sagadb.org/).

Li duas das sagas mais populares e as adorei. A saga de Egil é uma história de honra que passa de geração à geração até chegar no destemido Egil Skallagrimsson que enfrenta poderosos noruegueses, suecos e escosseses. Egil é banido da Noruega e se estabele na Islândia que acabara de ser descoberta.

Egil, seus servidores, amigos e algumas famílias se estabelecem na cidade que é hoje Bogarnes e exploram a região, dando nome a rios, regiões, usando os recursos naturais disponíveis e estabelecendo vilarejos.

A palavra de honra é algo muito respeitado na Islândia da época. Injúrias são punidas com a morte ou com compensasões financeiras. Ao mesmo tempo que a justiça da época é rude e cruel (aos nossos olhos) a bondade e confiança são virtudes exercitadas no dia a dia desse povo.

Apesar da simplicidade da escrita, das descrições infinitas da árvore genealógica de cada personagem e da brutalidade das ações, a história é cativante e detalha muitos dos costumes vikings da época.

Já a saga de Njal é um doce. Njal é uma figura amada, não é violento. Ele é até « zoado » pela população, pois não tem barba. Barba naquela época era símbolo de virilidade. Njal é o símbolo da justiça pacífica, que prefere chegar à um acordo (financeiro ou não) ao invés de derrubar sangue no solo sem passar por uma decisão do « thing » (espécie de júri).

Njal é amigo de Gunnar, um formidável guerreiro que foi exilado na Islândia. Essa saga deixa claro o funcionamento da justiça na Islândia, sua evolução e até as mudanças que a religião católica trouxeram ao país.

Como já expliquei no post sobre Thingvellir, desde a descoberta da Islândia, as decisões nas comunidades eram feitas nos « things », espécie de júri/parlamento, onde cada um expunha sua posição. Essa saga retrata muito bem o funcionamento dos things e até diz como o « Thingvellir » foi criado, por iniciativa do Njal.

Essa história mostra violência, mas também aborda um lado mais sentimental através do personagem Njal. Quase chorei com o que aconteceu com meu personagem preferido, uma injustiça que só poderia ser vingada com sangue derramado.


As sagas islândesas me fizeram viajar no tempo e para outro país hostil capaz de acolher homens tão bravos e honrosos. Egil e Njal se tornaram heróis !

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