Um
dos meus objetivos de leitura é ler pelo menos uma obra de autores premiados
com o prêmio Nobel de Literatura.
Uma
colega de trabalho (que lê 80 livros por ano !!) me recomendou a obra
« Cem anos de solidão » de Gabriel Garcia Marquez, prêmio Nobel de 1982.
Esse
livro me transportou para uma realidade mágica. Realidade, pois ele retrata a
vida, o quotidiano de uma família através de várias gerações, mostrando suas
forças, fraquezas, alegrias, tristezas, lúcidezes e loucuras.
Mágico,
pois as loucuras da família têm um quê de surreal, fantástico, sibilino. Garcia
Marquez criou um ambiente fantástico como o que Guimarães Rosa consegue fazer.
A história começa com José Arcádio Buendia e
Ursula Iguaran. José Arcádio fica maravilhado cada vez que os ciganos vêm à
cidade, mostrando inovações como o gelo, lentes de aumento, imãs,
laboratório químico para sintetizar ouro e pedra filosofal, máquina
fotográfica, etc.
“…Mediante
um complicado processo de exposições superpostas, tomadas em lugares diferentes
da casa, estava certo de fazer mais cedo ou mais tarde o daguerreótipo de Deus,
se existisse, ou acabar de uma vez por todas com a suposição da sua existência. »
- narrador relatando a tentativa de José Arcádio conseguir tirar uma foto
de Deus.
O casal tem três filhos: José
Arcádio, Aureliano e Amaranta. Ao longo do tempo, as características desses
personagens são passadas à cada novo membro da família. Todas suas histórias
são tristes e marcadas pela solidão.
“Arcádio achou ridículo o
formalismo da morte. Realmente não se importava com a morte, e sim com a vida,
por isso a sensação que experimentou quando pronunciaram a sentença não foi uma
sensação de medo, mas de nostalgia.” – sobre Arcádio, filho de Aureliano.
Úrsula é minha personagem preferida.
Ela é a matrona, a única que guarda lucidez numa família de loucos. Ursula
é forte, determinada, motivada, ela é o alicerce da família Buendia que
continua com as mesmas convicções e razões até o final.
« Enquanto
Deus me der vida, costumava dizer, não há de faltar dinheiro nesta casa de
loucos » - narrador falando de Ursula.
« O
que acontece, é que o mundo vai se acabando pouco a pouco e essas coisas já não
vêm » - Ursula, sobre os ciganos que vinham à Macondo. O mundo fica
mais realista e a magia do passado, o místico da vida desaparece, não há mais no
que crer.
Esse
livro tem passagens muito bonitas, histórias que nos fazem pensar nas nossas
relações com outras pessoas, consigo mesmo (no tratamento da solidão) e com o quotidiano
que nos cerca.
Ótima
leitura.
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