A Divina Comédia é um grande clássico
da literatura, mas até então nunca tive a oportunidade de lê-lo.
A obra
influênciou muitos artistas dos séculos passados e ao longo das minhas viagens
ouvi muitas citações à obra de Dante.
Me arrependo de não ter lido este
livro antes. Ele teria ajudado a entender muitas alegorias e simbologias
presentes nas obras de Giotto, Da Vinci, Rodin e de outros menos conhecidos que
pintaram igrejas mundo afora.
Eu, reles mortal, não tenho nenhuma
pretensão à analizar essa obra, vou apenas expor minha simplória impressão
sobre o livro.
Achei o livro chato de ler. Ele é
escrito em versos, numa edição antiga do portugûes e com várias inversões de
frase que o tradutor aplicou voluntariamente para manter a métrica do texto
original. Somado a isso há muitas citações mitológicas, citações das
personalidades contemporâneas e conterrâneas de Dante e menções bíblicas.
Um livro difícil de ler se você não
está habituado à poesia, se você não conhece a história da « Itália da
época » e se você não tem cultura mitológica suficiente.
Apesar da dificuldade e da vontade de
pular alguns versos e capítulos, reconheço a genialidade da obra, de Dante e de
sua importância na época (era a primeira vez que alguém escrevia poesia –
expressão dos cultos – em língua popular e não em latim).
Dante é o personagem principal do
livro. Durante sua jornada, ele passa pelas portas e círculos do Inferno,
acompanhado por Virgílio até o Purgatório. Na entrada do céu encontra Beatriz,
musa inspiradora que o guia pelos céus do Paraíso até seu encontro com a Santíssima
Trindade.
Nesse livro gostei de ver a mistura
que ele fazia entre o « profano » (mitologia grega), o « popular
católico » (sete pecados capitais) e as simbologias cristãs (imagens e
contos da igreja). Vi essa correspondência de imagens quando visitei Pádova e
os trabalhos de Giotto e Galileu.
Pesquisando depois, descobri que existem confabulações de que Giotto e
Dante fossem amiguinhos, um e outro contribuindo para suas respectivas obras.
Apesar da dificuldade gramátical e do
conteúdo, é um livro que deve ser lido pela « cultura geral » que
propicia. Talvez um dia eu lerei uma versão explicativa em prosa, para entender
melhor os mundos paralelos que Dante criou e os inúmeros círculos do inferno,
purgatório e céu.
« Quem firmeza não tem nos pensamentos,
Do fim se aparta, a que alma se endereça
E, assim, malogra, instável, sem intentos. »
« O mundo de virtude esta deserto ;
Tens sobeja razão, quando o lamentas,
Impa de mal, de vícios é coberto.
« Ao céu » - disse – « não vês que
foste erguido ?
Ignoras tu que o céu em tudo é santo
E a caridade a tudo há
presidido ?
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