4 de setembro de 2013

30 Memórias dos 30 (20)

Posso dizer que quando eu era estudante na França eu aproveitei para viajar bastante pela Europa (tudo é pertinho). Aqui as férias são mais distribuídas durante o ano. A cada dois meses nós tínhamos umas duas semanas de férias.

Os franceses voltavam para a casa dos pais (para lavar as roupas e/ou renovar o estoque de comida e doces do mês) e só restava aos estrangeiros ficarem sozinhos na residência, que ficava às moscas nessa época.

Para essa tristeza não acontecer, eu passava o mês andnado a pé, comendo salsicha com purê instantâneo e economizando no aquecedor para guardar cada centavo da minha bolsa para minhas viagens.

As viagens eram sempre as mais econômicas : transporte mais barato (Ryanair, Eulineas, …), albergues (com direito a tomar banho sem cortina e com bunda de fora para quem quiser ver), dividir quarto de dois para cinco, comer pão com queijo em todas as refeições, etc.

Uma dessa viagens, que eu chamo hoje de jovem estudante (porque dormir no chão em saco de dormir não dá mais para a coluna), fiz com minha amiga de universidade no Brasil. Ela veio para um intercâmbio em outra Ecole francesa e chegou me visitando (tadinha, eu estava em plena época de recuperação e deixei ela andando sozinha em Nantes – também compartilhou da salsicha de casa).

Nós decidímos ir para Bordeaux, região de excelentes vinhos franceses, visitar a cidade e outros amigos da universidade que estavam fazendo um estágio de línguas no local. Além de Bordeaux aproveitamos para fazer La Rochelle, Arcachon e Biarritz (cidades da costa oeste francesa).

Depois de passar por albergues com loucos, fazer topless na ex-riviera francesa e posar de Tiêtas do Agreste na duna do Pila, chegamos à Bordeaux, a terra das 5 chocolatines por um ou dois euros (fiquei doida).

Me maravilhei instantâneamente ao ver 500 padarias, todas com prateleiras cheias de pain au chocolat quentinhos e baratos !!!! (foi a única coisa que retive da minha estadia em Bordeaux – depois quando voltei na cidade procurei desesperadamente as chocolatines e não achei mais nada …).

Doces à parte, tínhamos escolhido um hotel no centro. Como o orçamento era restrito, pegamos um quarto de casal por 18€ à noite (camas separadas era um luxo – eu nunca vi preço mais barato que esse, na época haviamos pago 10€ à noite num albergue em Biarritz, isso não existe mais hoje !).

O quarto era decente até dormirmos nele (o preço se explica mais pra frente).

Bordeaux - 08/2004: Vista da janela do hotel barato. A calada da noite bordolesa.

Primeiro, durante à noite, fomos acordadas com o guara-roupas (aqueles de madeira, baixo, de duas portas, estilo old) sacudindo. Tomamos um susto, a coisa estava quase caindo em cima da nossa cama.

Ficamos com medo, o que seria aquilo ? Um fantasma ? Um rato saracutiando no guarda-roupas ? Não, era apenas um casal “brincando” à noite. E o guarda-roupas foi só o começo. Depois foi a cama, a mesinha e o chão.

Deixamos para lá os barulhos e dormimos. Ao acordar no dia seguinte nos deparamos com vários bichos presinhos no cobertor da cama. Acabei de procurar a foto de um bicho que eu achava que era e hoje descobri que eram percevejos. Percevejos bem vermelhos, pançudinhos com nosso sangue.

Nojento …


 O nojento virou uma alergia na perna da minha amiga e numa trilha de picadinhas vermelhas no meu braço (que me fizeram ser internada no hospital, por zêlo da médica que não sabia o que era o problema …).

Moral da história : o barato sai caro e algumas coisas você só faz quando é jovem.

Vida de estudante é engraçada, mas pulgueiro nunca mais!!!

  



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