Minha casa era longe da
universidade, todos os dias eu tinha 2,5h de trajeto para ir e outras 2,5h para
voltar para casa. Na época não havia corredor de
ônibus na Consolação e Rebouças. Todos os dias eu acordava cedo (5h), pegava
dois ônibus ou mêtro + ônibus.
Um dia eu estava voltando da Poli e
caía um temporal. Tudo alagado no Jóquei e perto do Shopping Eldorado. Óbvio
que durante uma hora o ônibus não andava e estava no meio da rua.
Quando começa a andar, aquele
trânsito na Augusta. A cidade estava uma zona. Para completar, falavam de
black-out. A cidade estava sem luz, sem metrô. Eu me lembro que tinha um monte
de gente nas ruas, correndo de um lado para o outro.
Quando o ônibus chega no cruzamento
da Augusta com a Paulista, entra um cara estranho no ônibus. Em poucos segundo
entram dois policiais armados, catando o cara pelo colarinho e prendem ele.
Nossa, fiquei assustada, talvez o
cara iria roubar o ônibus ... fiquei aliviada da polícia ter vindo, assim minha
calculadora não fora roubada. Curioso, na época minha única preocupação era a
bendita da calculadora. Sem ela eu não poderia fazer provas e minha vida de
engenheira estaria arruinada.
Depois desse evento eu lembro que
preparava mil planos mirabolosos para minha calculadora não ser roubada. Ao invés
de guarda-la na bolsa eu a colocava na pasta com cadernos e folhas. As vezes
dentro do bolso do casaco. Só tirava ela de casa quando realmente precisaria
usar. Emprestava armário dos amigos para guardá-la. Louca ...
Mas a história do ônibus não acaba
ali.
Chegando no Anhagabaú eu desci do
ônibus para pegar o metrô. Porém, por causa do black-out o metrô estava
fechado. Decidi então pegar um ônibus elétrico que passava perto de casa. Andei
até o terminal de elétricos e foi lá que percebi que sem eletricidade, elétrico
não funciona! Se burrice fosse um sentimento, ele descreveria bem o que eu
estava sentindo naquele momento.
Bom, me resta procurar outro ônibus,
andar mais e demorar mais de 4h para chegar em casa. Naquela época eu não tiha
celular, mas minha mãe não ficou preocupada. Sabia que eu podia demorar horas
para chegar em casa.
Transporte público em SP é aventura
garantida!
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