13 de janeiro de 2012

25 Challenge - #5 Malta - Parte I


O quinto país do projeto 25 é Malta. O acaso fez com que eu conhecesse esse arquipélago, pois originalmente ele não estava na minha lista de países à visitar. Como a lista não está completa, não tem problema em incluí-lo.

Malta é composto por duas ilhas: Malta com 246 km² (para ter uma idéia da grandeza, o Brasil tem uma área de 8,5 milhões de km², ou seja 34500 vezes maior que Malta!) e Gozo com 67km². No total o país tem 408.000 habitantes (o Brasil tem 200 milhões!).

Apesar de pequeno, o arquipélago tem uma das densidades demográficas mais alta do mundo, com 1250 habitantes por m².

A imagem abaixo dá uma idéia de onde se situa o micro arquipélago. Ele fica no mediterrâneo, entre a Europa e a Africa, mais precisamente entre a Itália e a Tunísia. Essa posição geográfica e estratégica no Mediterrânio influenciou na história do povo maltês que é uma mistura de várias culturas, talvez não tão rica quanto a do povo brasileiro, mas bem diversificada.

Malta no mapa mundi. Fonte: Google Maps.

Acho que eu nunca tinha visto de maneira objetiva e evidente o resultado da mistura de várias culturas, línguas, costumes e arquitetura. E interessante ver que o comportamento de um povo depende do que aconteceu na sua história e da sua situação geográfica. Vou tentar explicar um pouco do passado maltês para mostrar como ele influenciou o que o país é hoje (segundo meu ponto de vista e a impressão que tive quando o visitei, o que não deixa de ser totalmente parcial!).

Só para ter uma idéia rápida da história de ocupação do país, os primeiros humanos habitaram a ilha por volta de 5400 AC e deixaram um dos monumentos neolíticos mais antigos da humanidade. Por volta de 725 AC é a vez dos fenícios, gregos tomarem conta da região e até o ano 1090 as ilhas são ocupadas por romanos, cartágenos, ostrogodos, otomanos e bizantinos.

Em 1127 o arquipélago é sob o domínio siciliano e em 1530 os cavaleiros (knights em inglês) da ordem de São João de Jerusalém ganham as ilhas. A dominação da ordem dos cavaleiros dura até 1798, quando Napoleão (quem mais se não ele) chega ao local. Para se defender, os malteses pedem ajuda à Inglaterra e fica colônia desse país até a independência em 1964. Voilá, a maior bagunça na história deles!

Fiquei poucos dias em Malta (2,5!) e não consegui visitar tudo o que eu queria. Fui embora com gostinho de quero mais (como em todas as minhas viagens, dommage não ter tempo suficiente para visitar o mundo, tem tanta coisa linda por aí ...). As cidades que visitei estão marcadas no mapa abaixo e cada uma tem sua especificidade e seu charme.

Detalhe de Malta - cidades visitadas. Fonte: Google Maps.

A.     Valletta

Valletta é a capital do país, pequena e um charme. Fiquei encantada com a arquitetura do local e principalmente com as varandas das casas. Os prédios são construídos com a pedra local, um tipo de calcário que se torna alaranjado, cor de mel com o passar do tempo.

A cidade foi reconstruída em 1565 pelo cavaleiro francês Jean Parisot de la Valette e ela foi pouco modificada desde o século XVI. Valetta é pequena e toda fortificada, suas ruas formam ângulos de 90° entre elas e sempre acabam no Mediterrâneo.

O símbolo da cidade (e do país) é a famosa cruz de Malta da ordem dos cavaleiros. A cruz tem oito pontas e cada uma representa uma língua falada pelos cavaleiros da ordem de São João de Jerusalém.

11/12 - Valletta/Malta: Detalhe cruz de Malta na igreja São João.

Algumas fotos da cidade:

 11/12 - Valletta/Malta: Bandeira de Malta no alto do Palacio das armas.

   11/12 - Valletta/Malta: Avenida principal de Valletta. Detalhe das varandas nos prédios.
 
 11/12 - Valletta/Malta: Praça do Palacio da Presidência, ensaio da guarda nacional.

 11/12 - Valletta/Malta: Forte de Santo Elmo. Ponta extrema ao leste da cidade.

  11/12 - Valletta/Malta: Vista do Forte de Santo Angelo na cidade de Vittoriosa. Existem mesmo muitos fortes na região!

  11/12 - Valletta/Malta: Porto de Malta. (desde ja' me desculpo pela foto torta, não gosto de tratar no photoshop, quem é bom faz direito! acerta foco, luz, horizonte sem precisar de ajuda ...).
 
 11/12 - Valletta/Malta: Ti'pica rua de Malta - detalhe para o estilo das varandas, a cor da rocha e o santo na esquina do prédio. 
 
 11/12 - Valletta/Malta: Praça Vitoria (em homenagem à rainha inglesa).
 
O ponto alto da viagem (para mim) foi visitar a co-catedral de São João. De fora a catedral é bem simples e parece não ter nada de especial. Porém, seu interior é magnífico e hoje estou me perguntado se não é a catedral mais bonita que eu já visitei (vou tentar fazer um post comparando as catedrais que já visitei).

11/12 - Valletta/Malta: Co-catedral São João. (essa cor de mel é espetacular no pôr-do-sol!)

 Ela foi construída entre 1573 e 1577 e é uma co-catedral, porque a catedral do país está em Mdina (indicada na segunda parte do post sobre Malta - aqui em breve). O chão da catedral é forrado de tumbas, ao todo são 374 tumbas dos principais cavaleiros da ordem.

  11/12 - Valletta/Malta: Exemplo de tumba logo na entrada da co-catedral. Detalhe para a caveira que simbolisa o fim da vida na terra.

 11/12 - Valletta/Malta: Interior da co-catedral. Detalhe para o teto e colunas trabalhadas em ouro. Cada seção/capelinha representa uma das oito linguas faladas pelos cavaleiros da ordem. E muito bonito, fico embasbacada com a capacidade do ser humano erguer esse tipo de coisa.

 11/12 - Valletta/Malta: Altar da casa da França. Detalhe para a cruz de Malta talhada no marmore e as imagens de santo nas colunas.

A co-catedral tem as paredes e o teto forrados de ouro e de pinturas. Durante a invasão de Napoleão eles pintaram o ouro com tinta preta para que ele não fosse roubado (foram espertinhos, pois o Napoleão é bem ladrãozinho - me doi dizer isso ...).

 11/12 - Valletta/Malta:Portal da lateral da co-catedral que ainda garda a pintura anti-Napoleonica.


Detalhe para os motivos macabros e as caveiras desenhadas (composição de mármores de diferentes cores, um trabalho lindo!) nas lápidas.

11/12 - Valletta/Malta: La'pida de um cavaleiro com escritos em latim. Detalhe para as asas da caveira e os dentes faltando.
 
11/12 - Valletta/Malta: La'pida de outro cavaleiro com suas armas de guerra. Eles deviam ter poucos dentes, pois mais a maioria das caveiras estão banguelas ...
 
11/12 - Valletta/Malta: Detalhe das lapidas presentes em todo o solo da co-catedral. As caveiras esta bem representadas anatomicamente.


Na co-catedral existe também um museu com várias peças coletadas pelos cavaleiros, entre elas quadros do Caravaggio que era patrocinado pela ordem (o famoso mecenato). O quadro mais famoso recomendado pela ordem foi a cena da morte de São João.

Caravaggio imortalizou o momento em que estavam cortando a cabeça de São João (a pedido de Salomé, para quem não conhece, a história está na Bíblia ou resumida na wikipedia) e segurando o prato onde ela seria exposta.

Fotos no museu são proíbidas, então copiei a foto abaixo do site do museu da co-catedral. Lá tem outras obras interessantes (o link está disponível na legenda).

 11/12 - Valletta/Malta: A decaptação de São João Batista. Fonte: Foto copiada do site do Museu São João em Malta - site

Outra peça que me chamou atenção é o livro de salmos que data de 1500, todo decorado como nos desenhos de princesa e enormes.
 

11/12 - Valletta/Malta: Livro de Salmos de 1500, pintado à mão. Fonte: Foto copiada do site do Museu São João em Malta - site


Uma das coisas que me surpreederam em Malta é o quanto eles são católicos. Cerca de 98% da população é católica, o estado é católico, o divo'rcio foi permitido no pai's ha' poucos anos e os políticos têm interesse à ir à todas as missas se querem ser votados. Além disso, cada bairro tem seu santo padroeiro e uma procissão é feita cada vez que o dia do santo é comemorado.

A maioria das casas têm uma imagem de santo, de Jesus ou de Maria ao lado da porta de entrada da casa.

11/12 - Valletta/Malta: Santinho na esquina de cada bairro. Cada região faz festa para seu pro'prio santo.


11/12 - Valletta/Malta: 90% das casa têm o seu santinho devoto à direita da porta de entrada. Nesse caso é a imagem de Jesus. Maria também é muito popular!

Outras coisas que chamaram atenção:

-> prato ti'pico da região: guizado de coelho. Comi um muito bom ao alho.
-> cerveja ti'pica parecida com a brasileira
-> eles comem muitos salgados como no brasil : folheados de ricota, presunto e queijo, etc. Da' para fazer uma refeição ra'pida e barata em Valetta.
-> va'rios docinhos ti'picos : a visitar a doceria "Cordina".
-> fora de temporada a capital da cidade fica deserta. Sabado à noite nada em clima de festa. Domingo à noite dois restaurantes abertos ...
-> o sistema de transporte de Malta é baseado em ônibus e o ponto central é Valetta. Então se você quer ir de A até B, precisa fazer A -> Valetta -> B, o que pode ser bem chatinho quando A e B são pro'ximas entre si, mas longe de Valetta.
Até maio de 2011 os ônibus eram velhos no estilo inglês, mas trocaram toda a frota e agora eles não têm mais graça ... (eu fiquei decepcionada, queria andar de novo num ônibus e puxar a cordinha como nos velhos tempos).
-> Malta não é um pai's de praias. Elas podem ser contadas nos dedos e não são maravilhosas (no pro'ximo post tem a foto da maior e mais bonita praia de Malta ...). Se você quer torrar a peruca na areia, Malta não é a melhor destinação!

Voilà, as outras cidades do pa'is serão apresentadas no pro'ximo post, parte II, senão ninguém vai conseguir ler até o final (alia's, parabéns para quem chegou até aqui!).

4 comentários:

Edimervaldo disse...

Oi Nat!
Que legal! não sabia que Malta era tão bonita.

Tem vários italianos que vão estudar Inglês em Malta porque é o melhor custo/benefício pra eles.

Anônimo disse...

vcs exploraram a cidade de carro ou de onibus mesmo?

Chocolatine Cramée disse...

Oi Edi, é verdade, tem um monte de francês que vai para la fazer curso de inglês também.
Eu também não sabia que Malta tinha tanta coisa para fazer, minha expectativa estava baixa para dizer a verdade, mas no final gostei muito de la.
Beijos

Chocolatine Cramée disse...

Anônimo,
A gente explorou o pais de ônibus mesmo. Ter um carro seria interessante, pois perde-se muito tempo de transporte indo e voltando para Valetta, uma espécie de Sé do pais (onde todos os ônibus se encontram).

O unico problema do carro, é que em Malta o trânsito respeita a mão inglesa. Sem contar o risco de engarrafamento no verão com milhares de turistas.

Eu fui em baixa temporada, então os ônibus não estavam muito lotados e o trânsito era tranquilo.

A+