10 de novembro de 2012

The Amazing Thailand


Este é o slogan da Tailândia que está espalhado por todos aeroportos e cantos de Bangkok.
Até agora me pergunto onde está a “amazing Thailand” (surpreendente Tailândia).

No primeiro post eu disse que mostraria as coisas bonitas, mas que faria um post totalmente parcial e subjetivo. Et le voilà (eî-lo aqui).

Sinceramente, nas primeiras horas que pisei em solo tailândes, minha vontade era voltar para casa. Nunca senti isso antes. Fiquei realmente preocupada do que seria minha viagem, pois ainda tinha 14 dias pela frente e já queria pegar o avião de volta.

Talvez tenha sido a decalagem de horário e minha ingênuidade que contribuiram para meu desgosto ao chegar em Bangkok.
Ingênuidade porque não estava esperando ser descaradamente enganada pelos tailândeses. Eu fico louca quando alguém tenta me enganar na cara dura. E esse foi o caso em Bangkok, o tempo todo.

Mal chegamos e já fomos assediados por taxistas querendo nos cobrar o olho da cara por uma corrida. Ingênuos nós já fomos enganados de cara no aeroporto, onde nos impuseram uma tarifa sem nos dar a escolha de usar o taxímetro.

Chegando ao hotel nós perguntamos sobre preços de táxi e um dos recepcionistas nos indicou que era necessário insistir para usar o taxímetro. Ok, decidi que não seria mais engandada.

Saindo para comer (chegamos por volta da hora do almoço), um taxista nos aborda no meio do nada oferendo transporte. Um tuc-tuc também se aproxima e outro táxi. Todos querendo nos levar para algum lugar por uma módica soma que tenho  certeza que pagaria o salário do mês deles.

Eu não tinha pedido nada à ninguém, só queria caminhar tranquila, sofrendo da minha jet lag naquele calor infernal, sob um dos viadutos, no meio daquele favelão, respirando toda a poluição do mundo.

Sem brincadeira, nos 1000m que fizémos entre o hotel e o centro comercial, fomos abordados três vezes. Também não tinha como negar que éramos turistas. Se na Rússia eu passava como uma típica russa, na Tailândia eu não poderia nunca passar por uma thai.

Fora o assédio dos taxistas e tuc-tucs, existia ainda um outro tipo de pega turista. Obvio que fomos abordados (duas vezes!) para esse outro tipo de esquema.

Um thai, muito dos simpáticos começa a puxar assunto com você ou pára você perguntando se quer ajuda. O turista bobo, quer interagir com os locais e dá trela. Conversa vai, conversa vem ele diz que você tem que visitar absolutamente um certo templo e que é seu “lucky day”, porque o templo está aberto apenas hoje (último dia de abertura).

Sem você dizer nada ele já arruma um amigo tuc-tuc, negocia um preço, mas diz que antes terá que passar na loja de um amigo. Ou então não diz nada e o tuc-tuc te leva para loja do amigo, antes de levar ao templo.

Nesse golpe eu não caí, pois já estava avisada. Porém fomos abordados duas vezes e nas seguintes já ignorávamos os transeuntes. Ou seja, qualquer contato com os thais era por interesse. Até nas lojas, templos, foi triste viver esse lado “turista bobo”: enganamos você na cara dura. Não podíamos confiar em ninguém para pedir informação.

Por exemplo, queríamos atravessar o rio de Bangkok para visitar um templo e entramos na rua errada para pegar o barco. Perguntamos para um local onde era o ponto de barco e ele veio com uma conversa fiada dizendo que o local fechou, mas que ele tinha um amigo que podia fazer a travessia por um preço camarada.

Paciência, muita paciência nessa hora. Ainda bem que ele não entendia palavrão em português.

Fora todos esses esquemas de “pega turista, a paisagem não era das melhores. Como já disse, poluição, calor, viadutos e prédios feios. Aí a pergunta que fica, cadê a “amazing Thailand” que todo mundo fala?

Nesse momento eu comecei a questionar meus parâmetros. Por quê eu detestei um lugar que todo mundo cita com brilhos nos olhos? O que há de errado comigo? Caramba, já conheço mais de trinta países e muito mais cidades diferentes, por que não fui seduzida por um lugar que todo mundo ama? Estou eu tão fora da realidade que me choco ao ver tanto constraste a ponto de não querer ver aquilo?

Me questionei bastante e cheguei à conclusão de que o problema não sou só eu, mas também os outros (fácil hein!). Explicações:

(1)   Eu deveria ter planejado melhor minha viagem e pesquisado sobre o que fazer nos lugares e o que as pessoas acharam deles antes de sair comprando bilhetes de avião e reservando hotéis. Planejei mal a viagem, isso é o primeiro fato.
(2)   Segundo fato: as pessoas que me disseram gostar da Tailândia ou eram europeus, ou tinham a Tailândia como uma de suas primeiras destinações internacionais.

Discutindo com um amigo, chegamos à conclusão que europeu não está acostumado com bagunça e pobreza. Quando eles vêm isso, acham diferente e adoram entrar na muvuca, ver tipicidade em tudo. É um ambiente diferente do mundo deles, é o que chamamos na França de dépaysant (algo que te faz sair da realidade, que te mostra outra paisagem diferente da sua).

Quem não viaja muito fica deslumbrado com tantas coisas diferentes e novas para se ver. Comigo ocorreu o mesmo, adorei minhas primeiras viagens, tudo era lindo e maravilhoso. Hoje já não falo das minhas primeiras viagens como se fossem as melhores de todas, mas claro que tenho ótimas recordações.

Um desses dias estava conversando com alguém do trabalho, que eu nem conhecia, mas que me disse ter viajado bastante pelo mundo. Ele disse que nunca mais quer voltar à Tailândia por causa do turismo frenético e do assédio massivo em cima dos turistas.

Pensando nisso, acredito que se tivesse ficado menos tempo em Bangkok e se eu tivesse ido para uma destinação praiana, talvez minha impressão sobre a Tailândia mudasse. É um lugar a se visitar. Depois disso você dá mais valor para o país que tem e vê que o Brasil é um bom lugar com qualidades e mesmo com vários defeitos.

Se tenho uma recomendação a fazer, não passaria mais que um dia inteiro de visita em Bangkok (a não ser que a pessoa adore visitar shoppings, feira-livres, etc).
O norte do país foi bem repousante (Chiang Mai – 1 dia cidade + tracking na floresta), com muito verde e menos confusão. Parece que Ayutthaia é legal (1 dia) e que as praias são muito bonitas, apesar de ser um favelão olhando para o continente.

Voilà minha impressão sobre a "amazing" Tailândia.

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