3 de setembro de 2014

Leitura (6): Frankenstein

Frankenstein é obra de Mary Shelley, escrita entre 1816-1817.

Aparentemente o livro nasceu de um desafio entre Lord Byron, Shelley e John Polidori (autor de « O Vampiro ») em que cada um deveria escrever uma história de terror, para passar o tempo.

Resumidamente, a obra conta a criação de um monstro/criatura pelo jovem cientista Victor Frankenstein. Victor, inocentemente, no seu estado da arte, descobre como criar vida e se lança na criação de um homem.

Um homem criado de pedaços de outros homens e animais, desfigurado e desproporcionalmente grande.

“… when I am glowing with the enthusiasm of success, there will be none to participate of my joy ; if I am assailed by disappointment, no one will endeavour to sustain me in dejection. I shall commit my thoughts to paper, it is true; but that is a poor medium for the communication of feeling.” – Victor Frankenstein.

“ … quando eu estou brilhando com o entusiasmo do sucesso, não há ninguém para compartilhar minha alegria; se eu for atacado pela decepção, ninguém se esforçara para me manter no desânimo. Eu tenho o papel para colocar meus pensamentos, é verdade; mas esse é um meio tão pobre para comunicar sentimentos. » – Victor Frankenstein.

Victor abandona a criatura dita horrorosa que depois o persegue. O monstro não compreende o abandono e a rejeição que sofre e tenta se vingar de Victor, espalhando o terror.

A línguagem do livro é toda romântica, há muita descrição, frases bonitas. O monstro mal sabe falar e logo demonstra uma inteligência, uma sabedoria que muita gente nascida há anos não tem.

Achei lindo, muito emocionante quando a criatura conta sua experiência sobre a descoberta das estações do ano, dos animais, das plantas, da fala e da escrita. Você vê que ele nasceu uma pessoa boa, inocente, sem más intenções, querendo amar e ser amada.

« … how dangerous is the acquirement of knowledge and how much happier that man is who believes his native town to be the world, than he who aspires to become greater than his nature will allow. » - a criatura quando tenta fazer contato com o homens.

“ … quão perigosa é a aquisição de conhecimento e quão mais feliz  é o homem que acredita ser o mundo sua terra natal do que aquele que aspira ser maior do que natureza lhe permite. » - a criatura quando tenta fazer contato com o homens.

Porém ele percebe que se você não se adequa aos parâmetros ditados pela sociedade, você é excluído, rejeitado, humilhado, rechaçado. Então o ódio pela raça humana cresce e a única maneira é se vingar. Vingar de seu criador, que o pôs no mundo com tanta miséria.

«  … God, in pity, made man beautiful and alluring, after his own image ; but my form is a filthy type of yours, more horrid even from the very resemblance. Satan had his companions, fellow devils, to admire and encourage him, but I am solitary and abhorred.” – o monstro, se sentindo sozinho na sua aberração.

“ Deus, por piedade, fez o homem belo e sedutor, segundo sua própria imagem; mas a minha forma é um tipo imundo de vocês, mais horrível ainda pela semelhança. Satanás teve seus companheiros, camaradas demônios, para admirá-lo e encorajá-lo, porém eu, estou solitário e fui abominado.

Victor é um sentimentalista. Ele sofre com a perseguição do monstro, como os personagens de livros da época romântica. É muito triste seu sentimento, a criatura tira tudo o que Victor mais ama na vida.

«  A human being in perfection ought always to preserve a calm and peaceful mind and never to allow passion or a transitory desire to disturb his tranquillity. I do not think that the pursuit of knowledge is an exception to this rule.” – Victor Frankenstein, arrependido da sua busca desenfreada pelo conhecimento..

… “ Um homem perfeito deve sempre manter uma mente calma e pacifica e nunca deixar a paixão e os desejos destruir sua tranquilidade.. Eu não acho que busca pelo conhecimento seja uma exceção a essa regra. » – Victor Frankenstein, arrependido da sua busca desenfreada pelo conhecimento..

Gostei do livro e mais do monstro do que de todos os outros personagens.
Achei que Mary Shelley não conta direito o nascimento da criatura. Victor abandona o monstro rapidinho sem muito drama ou explicações. Ela descreve tantas outras coisas, poderia ter explicado mais essa parte da criação.

Não estava mais acostumada com literatura melodramática e estava esperendo que o livro fosse mais de terror, com cenas arrepiantes.
Entendo que para a época foi revolucionário em quebrar os parâmetros de amor ideal/romântico e ao descrever uma história infeliz.

« … I remember, shuddering, the mad enthusiasm that hurried me on the creation of my hideous enemy, and I called to mind the night in which he first lived. I was unable to pursue the train of thought; a thousand feelings pressed upon me, and wept bitterly.” – Victor Frankenstein.

“ … Lembro-me, tremendo, do entusiasmo louco que me apressou à criação do meu inimigo hediondo e da noite em que ele veio à vida. Eu era incapaz de seguir uma linha de pensamento ; milhares de sentimentos passavam por mim, eu chorei amargamente. » – Victor Frankenstein.


Um clássico a ser lido.

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