20 de agosto de 2014

Leitura (4): A Divina Comédia

A Divina Comédia é um grande clássico da literatura, mas até então nunca tive a oportunidade de lê-lo. 
A obra influênciou muitos artistas dos séculos passados e ao longo das minhas viagens ouvi muitas citações à obra de Dante.

Me arrependo de não ter lido este livro antes. Ele teria ajudado a entender muitas alegorias e simbologias presentes nas obras de Giotto, Da Vinci, Rodin e de outros menos conhecidos que pintaram igrejas mundo afora.

Eu, reles mortal, não tenho nenhuma pretensão à analizar essa obra, vou apenas expor minha simplória impressão sobre o livro.

Achei o livro chato de ler. Ele é escrito em versos, numa edição antiga do portugûes e com várias inversões de frase que o tradutor aplicou voluntariamente para manter a métrica do texto original. Somado a isso há muitas citações mitológicas, citações das personalidades contemporâneas e conterrâneas de Dante e menções bíblicas.

Um livro difícil de ler se você não está habituado à poesia, se você não conhece a história da « Itália da época » e se você não tem cultura mitológica suficiente.

Apesar da dificuldade e da vontade de pular alguns versos e capítulos, reconheço a genialidade da obra, de Dante e de sua importância na época (era a primeira vez que alguém escrevia poesia – expressão dos cultos – em língua popular e não em latim).

Dante é o personagem principal do livro. Durante sua jornada, ele passa pelas portas e círculos do Inferno, acompanhado por Virgílio até o Purgatório. Na entrada do céu encontra Beatriz, musa inspiradora que o guia pelos céus do Paraíso até seu encontro com a Santíssima Trindade.

Nesse livro gostei de ver a mistura que ele fazia entre o « profano » (mitologia grega), o « popular católico » (sete pecados capitais) e as simbologias cristãs (imagens e contos da igreja). Vi essa correspondência de imagens quando visitei Pádova e os trabalhos de Giotto e Galileu.  Pesquisando depois, descobri que existem confabulações de que Giotto e Dante fossem amiguinhos, um e outro contribuindo para suas respectivas obras.

Apesar da dificuldade gramátical e do conteúdo, é um livro que deve ser lido pela « cultura geral » que propicia. Talvez um dia eu lerei uma versão explicativa em prosa, para entender melhor os mundos paralelos que Dante criou e os inúmeros círculos do inferno, purgatório e céu.

« Quem firmeza não tem nos pensamentos,
Do fim se aparta, a que alma se endereça
E, assim, malogra, instável, sem intentos. »

« O mundo de virtude esta deserto ;
Tens sobeja razão, quando o lamentas,
Impa de mal, de vícios é coberto.

« Ao céu » - disse – « não vês que foste erguido ?
Ignoras tu que o céu em tudo é santo
E a caridade a tudo há presidido ?

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