12 de agosto de 2014

Leitura (3): Cem anos de solidão

Um dos meus objetivos de leitura é ler pelo menos uma obra de autores premiados com o prêmio Nobel de Literatura.

Uma colega de trabalho (que lê 80 livros por ano !!) me recomendou a obra « Cem anos de solidão » de Gabriel Garcia Marquez, prêmio Nobel de 1982.

Esse livro me transportou para uma realidade mágica. Realidade, pois ele retrata a vida, o quotidiano de uma família através de várias gerações, mostrando suas forças, fraquezas, alegrias, tristezas, lúcidezes e loucuras.
Mágico, pois as loucuras da família têm um quê de surreal, fantástico, sibilino. Garcia Marquez criou um ambiente fantástico como o que Guimarães Rosa consegue fazer.

 A história começa com José Arcádio Buendia e Ursula Iguaran. José Arcádio fica maravilhado cada vez que os ciganos vêm à cidade, mostrando inovações como o gelo, lentes de aumento, imãs, laboratório químico para sintetizar ouro e pedra filosofal, máquina fotográfica, etc.

“…Mediante um complicado processo de exposições superpostas, tomadas em lugares diferentes da casa, estava certo de fazer mais cedo ou mais tarde o daguerreótipo de Deus, se existisse, ou acabar de uma vez por todas com a suposição da sua existência. » - narrador relatando a tentativa de José Arcádio conseguir tirar uma foto de Deus.

O casal tem três filhos: José Arcádio, Aureliano e Amaranta. Ao longo do tempo, as características desses personagens são passadas à cada novo membro da família. Todas suas histórias são tristes e marcadas pela solidão.

Arcádio achou ridículo o formalismo da morte. Realmente não se importava com a morte, e sim com a vida, por isso a sensação que experimentou quando pronunciaram a sentença não foi uma sensação de medo, mas de nostalgia.” – sobre Arcádio, filho de Aureliano.

Úrsula é minha personagem preferida. Ela é a matrona, a única que guarda lucidez numa família de loucos. Ursula é forte, determinada, motivada, ela é o alicerce da família Buendia que continua com as mesmas convicções e razões até o final.

« Enquanto Deus me der vida, costumava dizer, não há de faltar dinheiro nesta casa de loucos » - narrador falando de Ursula.

« O que acontece, é que o mundo vai se acabando pouco a pouco e essas coisas já não vêm » - Ursula, sobre os ciganos que vinham à Macondo. O mundo fica mais realista e a magia do passado, o místico da vida desaparece, não há mais no que crer.

Esse livro tem passagens muito bonitas, histórias que nos fazem pensar nas nossas relações com outras pessoas, consigo mesmo (no tratamento da solidão) e com o quotidiano que nos cerca.


Ótima leitura.

Nenhum comentário: